Fake news não existem, diz pesquisadora na XI Semana de Comunicação
- AGECOM Jr.
- 24 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
O compartilhamento de mentiras e boatos sob a forma de matérias jornalísticas tem assolado o mundo político em todo o mundo, mas para a Profa. Dra. Ana Regina Rego (abaixo) , da Universidade Federal do Piauí, elas não passam disso mesmo: algo que não existe.
“Como diz o autor Peter Burke, a Pós Verdade não existe, ela é mentira. E não é só o produtor de conteúdo leigo que é responsável por isso (pela Pós Verdade) e pelas fake news, que é outra coisa que não existe. Porque news é notícia e notícia está agregada à verdade”, refletiu.
Autora dos livros Imprensa: perfis e contextos” e “Regimes Ditatoriais: Comunicação, Cultura e Memórias”, a docente foi uma das palestrantes da XI Semana Nacional de Comunicação da Estácio Teresina, encerrada na quinta-feira 25. Apesar de abordar assuntos atuais da Comunicação, Ana Regina focou sua fala sobre o tripé formado pela mídia, poder e memória.

A pesquisadora, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em História da Mídia (ALCAR), explicou que a memória é um dos resultados da produção tanto do jornalismo como da publicidade. Segundo Ana Regina Rego, a comunicação mercadológica, por exemplo, não vende apenas um produto, mas também uma ideia atrelada a ele – essas, por sua vez, é compartilhada pelo público e ajuda na construção reputação e imagem de uma empresa e na elaboração da memória coletiva a partir de um produto de mídia.
Como peças chave dessa engrenagem, jornalistas e publicitários devem tem uma visão global da função que desempenham, ressaltou a palestrante, sugerindo alguns questionamentos para a criar a reflexão sobre o fazer do comunicólogo.
“O publicitário e o jornalista precisam ter uma visão holística de onde ele se situa. Se perguntar: que produto é esse (que resulta de seu trabalho? Como ele vai influenciar o entorno? Quais são as responsabilidades que você tem ao fazer uma bela campanha, mas um péssimo produto? Que pode trazer consequências nefastas pra sociedade? Tudo isso passa por nós enquanto profissionais que estamos a serviço da sociedade. No ponto de vista jornalístico a gente fala: o que nos move é o interesse público. O que eu faço que vai influir na construção da memória? Que vai influir no processo de distribuição ou de concentração de poder?”

Ao final, a Profa. Dra. Ana Regina Rego apresentou o Projeto Memória do Jornalismo Piauiense que desde 2010 cataloga jornais, revistas, almanaques piauienses do século XIX e XX. O projeto atualmente conta com uma equipe de 16 bolsistas entre voluntários estudantes de graduação e pós-graduação que digitalizam e tratam dos periódicos em um laboratório na Universidade Federal do Piauí.
Segundo Regina, o Projeto Memória do Jornalismo Piauiense nasceu da necessidade pessoal da pesquisadora de ter acesso a jornais locais para entender história e o jornalismo do Piauí ao longo do tempo. O resultado da catalogação e digitalização do acervo de periódicos está disponível no site criado em 2017.
O projeto faz parceria com o Arquivo Público do Piauí e tem apoio Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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