Por falta de ônibus, alunos da Faculdade Estácio Teresina enfrentam dificuldades para ir às aulas
- AGECOM Jr.
- 7 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
A paralisação já dura 18 dias e até o momento não houve nenhum acordo decisivo para o retorno do transporte.
Repórter: Leonardo Lima
Produção: Carlos Santos
Editor de texto: Luis Fernando Amaranes
Publicado em 07 de Abril de 2022, às 18h10

Greve dos ônibus completa 18 dias em Teresina e com a falta destes transportes, as pessoas deixam de circular pela cidade. - (Foto: Luis Fernando Amaranes/ Agecom).
A greve dos trabalhadores do transporte público de Teresina, chega ao seu 18º dia nesta quinta-feira (07) e nenhum acordo decisivo foi realizado para o retorno das atividades, e tem gerado vários prejuízos à população que depende do meio de transporte para se deslocar. Diante desse contexto, alunos da Faculdade Estácio de Teresina relatam as dificuldades enfrentadas para ir as aulas.
De acordo com o estudante de jornalismo, Francisco das Chagas, para conseguir frequentar a faculdade ele precisa usar meios alternativos de transporte, o que tem gerado algumas complicações.
“Como usuário do transporte coletivo aqui da capital, neste período de greve é bem complicado pra se deslocar até a faculdade. A forma de locomoção que está tendo no momento é o famoso ‘ligeirinho’. Está tendo também os ônibus que foram cadastrados, mas para a região sudeste que eu resido, nesse horário, já fica bem complicado. E a opção mais viável, nesse caso, está sendo o uso de aplicativo [de transporte]”, disse.
Sobre o gasto que está tendo com essa forma de transporte, o estudante ressalta que nos transportes de aplicativos, o custo está sendo bem alto e, se for fazer uma somatória da semana dá um valor ainda bem maior, em comparação quando utilizava o passe estudantil e pagava um valor bem mais acessível nos ônibus.
Outro caso semelhante é o da aluna de jornalismo, Terciane Santos, que segundo ela, também há uma despesa maior por ter que fazer uso de aplicativos de transporte para se deslocar até a instituição.
“A minha principal dificuldade em relação a greve do transporte público na capital é o grande custo que eu estou tendo, o que antes eu gastava pra ir até a faculdade e voltar pra minha casa era dois reais e alguns centavos. Agora tem sido muito difícil, porque eu estou tendo que ir e voltar através de carro por aplicativo, o que tem me gerado grandes custos”, declarou.
Ainda de acordo com Terciane Santos, quando o valor da corrida cobrado pelos aplicativos está acima do normal, ela recorre a caronas de pessoas próximas para não faltar às aulas.
“O meu apelo é que tanto as empresas de transporte público, Strans e Setut, assim como a Prefeitura e Ministério Público, entrem em um consenso e resolvam este problema o quanto antes, porque a população teresinense já está há três semanas sem transporte público. E grande parte da população depende unicamente desse transporte para ter que ir trabalhar, estudar e fazer outras obrigações”, completou a aluna.
Decisões judiciais

A solicitação do Ministério Público é que volte a circular 80% da frota dos ônibus em Teresina. - (Foto: Reprodução/ Strans).
Para o retorno da circulação de ônibus na capital, a 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública estabeleceu nessa última terça-feira (05), uma terceira decisão judicial solicitando que as empresas do transporte público deem cumprimento às medidas. A ação atende ao pedido do Ministério Público.
Assim como as decisões anteriores, há uma solicitação de volte a circular 80% da frota nos horários de pico e 60% no entre Pico. Caso seja descumprida, haverá aplicação de multa no valor de R$ 10 mil para os envolvidos na ação.
A 2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública, no dia 1º de abril, concedeu uma liminar a pedido da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (Strans), para que as empresas que atuam no transporte público garantissem a circulação de parte da frota durante a greve.
Em 22 de março, um dia após o início da paralisação de motoristas e cobradores, a desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Liana Chaib, já havia determinado que durante a greve 80% da frota de ônibus deveria circular nos horários de pico e 60% no intervalo de menor fluxo de passageiros.
Como multa, as duas ordens judiciais fixaram o pagamento de R$ 50 mil por cada dia de descumprimento, com o pagamento máximo de R$ 1 milhão. No entanto, as medidas não foram cumpridas.
Setut alega que Sintetro está impedindo a circulação dos ônibus
Conforme nota divulgada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), o motivo de não haver parte dos ônibus circulando na cidade, em cumprimento às decisões judiciais, seria causado pela “conduta do Sindicato dos Trabalhadores (Sintetro) que tem impedido a circulação da frota de ônibus”.
Confira a nota na íntegra:
"Sobre a determinação dos Feitos da Fazenda Pública e a nova liminar referente à frota de ônibus, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) informa que já encaminhou denúncia, para a Justiça do Trabalho, sobre a conduta do Sindicato dos Trabalhadores (Sintetro) que tem impedido a circulação da frota de ônibus na cidade. O SETUT aguarda análise da Corte e também já comunicou a Strans sobre o caso".
Com relação à acusação realizada pelo Setut, o presidente do Sintetro Antônio Cardoso informa que se trata de “fake news” e que o órgão tenta “inventar história a todo tempo”.
Sintetro reivindica melhores condições salariais
A greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina teve início no dia 21 de março. Os trabalhadores do setor reivindicam reajuste salarial e outros benefícios. Segundo o presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, a categoria está há três anos sem reajuste no salário, e ainda recebem valores inferiores ao registrado na Carteira de Trabalho.
“Nós que trabalhamos no sistema temos inúmeras irregularidades cometidas pelas empresas [de transporte público], a qual o sindicato é o Setut. Nós temos trabalhadores que recebem de R$ 300,00 até R$ 900,00, e pouquíssimas empresas pagam o salário que está na carteira de trabalho com referência a 2019. E a gente já está vivendo o ano de 2022 e nada foi feito até agora. Ainda tivemos as perdas do tíquete de alimentação e do auxílio saúde”, declarou.
Para se manter em meio a esse impasse, Antônio também informa que todos os trabalhadores estão contando com ajudas para sobreviver, já que estão sem fonte de renda.
“Nosso sofrimento hoje é total. A gente vive mendigando cestas para sobreviver, não é nem pra viver, e com ajuda de ‘vaquinhas’ e doações. Mas a gente não desiste, a gente é guerreiro e acredita que uma hora a Justiça vai fazer realmente justiça e punir quem tem que ser punido, que são tanto a Prefeitura como os empresários”, pontuou.
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