Morte e luto podem ter sofrimento amenizado com ajuda psicológica
- Suzana Moreno
- 26 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de abr. de 2021
Palestra aborda as causas e estratégias que podem se adotadas para que o sofrimento da morte possa ser absolvido durante a pandemia.
Repórter: Suzana Moreno
Edição de Texto: Luis Fernando Amaranes
Como o intuito de ajudar quem precisa, os acadêmicos do curso de psicologia da Faculdade Estácio Teresina, realizaram a palestra “Superando o luto em tempos difíceis”, com a psicóloga Amparo Silva, na noite deste sábado (24), de forma virtual, pela plataforma Teams.
O encontrou abordou como as pessoas devem encarar a dor da perda de um ente querido, por Covid-19 ou por outra enfermidade. A morte de tantas pessoas no Brasil e no mundo em um espaço tão curto de tempo tem gerado um tipo diferente de luto.
Em entrevista à Agência de Comunicação Júnior (Agecom), um dos organizadores do evento, Ribamar Silva, explica que essa palestra tem como objetivo, levar um pouco de alento as famílias que passam por esse momento de perda trazido pela morte e, que em tempos de pandemia teve agravamento com perdas tão repentinas. “O objetivo é justamente levar consolo e esclarecimento neste campo, do aspecto mental, físico e financeiro”, ressaltou.

Psicóloga clínica e palestrante do evento virtual, Amparo Silva. - (Foto: Arquivo Pessoal).
Amparo Silva é psicóloga clínica, especialista em Tanatologia (o estudo da morte e do morrer), mestre em saúde da família, vice-presidente da comissão de Tanatologia do conselho Regional de Psicologia do Piauí e Membro da Sociedade Brasileira de Bioética Regional Piauí.
Ela explica que há mais de 15 anos trabalha com essa temática de morte, luto e ansiedade, e com essas experiências, traz um legado muito importante para as pessoas.
“Estou há quase 17 anos trabalhando na temática, mais precisamente a questão que permeia a temática da morte, do luto, ansiedade; enfim outras problemáticas que tenha o viés sempre de perdas. Eu já faço esse trabalho há algum tempo, além da experiência clínica que me traz um legado muito importante no sentido de escutar, de ter essa voz dessa pessoa em sofrimento, que traz uma realidade que nenhuma bibliografia específica pode trazer, então essa escuta de heroína que me dá essa experiência. Eu sempre tenho essa preocupação de precisar falar, hoje minha preocupação é um pouco menor, porque eu acho que tá todo mundo interessado nesse assunto. Eu penso que o vírus da covid-19, trouxe uma consciência de morte, que a gente se negava a ter, porque sempre os estudiosos falavam, aliás é a única certeza que nós temos é que um dia vamos morrer, mas ninguém toca nesse assunto. “Não a morte em si não, eu sempre penso na vida e pra quem pensa na vida pensa na morte, porque a morte é a última etapa de uma vida. Então é inegável a importância de se olhar pra temática hoje, porque hoje a pandemia também nos impõe a morte ali do lado”, explicou.
O sentimento de luto tem se tornado forte entre pessoas que perderam alguém. A palestrante ressaltou ainda como funciona a terapia do luto.
“A terapia do luto, trabalha o luto com alguém que perdeu o seu amor e dar condições pra que ela possa chorar, condições pra que ela possa viver com dignidade a perda dela. A gente só fala em dignidade pela vida, dignidade em morte, por quê? Se morte é a única certeza quando alguém nasce então eu tenho que ter dignidade de vida e não de morte e não de luto. É pra refletir”, ressaltou.
Doutora Amparo finaliza o evento virtual com uma bela fala sobre a morte como a sociedade deve encarar esse momento de muitas mortes pelo mundo e como deve seguir com empatia com o ser humano.
“Ser solidário entende-se que a morte do outro me importa sim, não olhar como número porque não tem essa história de número, a gente quanto mais se afasta da dimensão humana mais desumano a gente fica, e essa proximidade com ser humano é que nos faz melhores e o que nos torna o quem somos, uma pessoa mais iluminada, uma pessoas de mais possibilidade de acolhimento de acolher o outro. E aquele que tá endurecido se permitir também ser ajudado", finalizou.
Commentaires